A progressiva participação das mulheres no mercado de trabalho
foi crucial para uma revolução na demanda da Educação Infantil. Cada
vez mais cedo, os pequenos estão transpondo os espaços familiares e
ingressando na educação institucionalizada.
Apesar de amedrontadores, são nesses primeiros passos
no ambiente escolar que a criança encontra ferramentas para consolidar
com autonomia a sua própria identidade. A escola é o primeiro espaço
onde a condição da criança enquanto sujeito é valorizada. Ao contrário
de outros locais, ali o que realmente importa é quem ele é, e não quem é
sua família.
É na escola, portanto, que o cordão umbilical psicológico que fazia da
criança um ser único com sua família é delicadamente cortado. A partir
de então, ela começa a descobrir e construir o seu próprio eu. E, a
escola fornece as ferramentas indispensáveis para este processo.
Interagindo com crianças da mesma faixa etária, o
pequeno indivíduo poderá conhecer mais sobre si mesmo e sobre os outros.
Trocará experiências, e ao mesmo tempo será e terá novos modelos. Se
antes ele ainda se confundia inconscientemente com os pais,
e os tinha como únicos modelos, agora terá uma multidão de opções,
estímulos, alternativas a seguir. Terá que fazer escolhas. Pela primeira
vez, decidir por si só sobre aquilo que quer ser.
Mas, também conhecerá limites. Precisará seguir
regras, ceder, dividir. Aprenderá a receber não como resposta e a falar
sim. Aprenderá a dar passos de autonomia, ao mesmo tempo em que será
desafiado a trabalhar em equipe. Por fim, aprenderá a viver. Conviver em sociedade.
Exposto a uma avalanche de informações e estímulos
neurológicos, na escola o pequeno terá matéria prima para construir o
próprio conhecimento de mundo. Isso porque a criança é a conseqüência
das interações que estabelece com o meio.
É por meio do acesso as novidades que a vida em grupo
propicia que ela estabelece ativamente relações, constrói por si só os
caminhos neurológicos. Enfim, desenvolve suas próprias habilidades
cognitivas.
Como nenhum outro espaço, a escola favorece o acesso ao
legado do conhecimento humano. No ambiente escolar, gradativamente, os
pequenos são expostos a situações de aprendizagem. E, com isso, as
faculdades mentais, sejam cognitivas ou não, são moldadas com primazia.
É neste íntimo contato com o mundo fora das quatro paredes
de casa que a criança conquista a confiança necessária para enfrentar os
desafios da vida. Quanto mais cedo ela perceber que é capaz de vencer
os confrontos inerentes ao crescimento, mais facilmente aprenderá a
gostar de si mesma. Com a auto-estima elevada, estará pronta para sonhar
alto e a lutar por isso.
Não por acaso, pesquisa feita nos Estados Unidos constatou
que crianças que vão a escola são mais bem sucedidas no futuro. O estudo
feito com crianças de baixa renda com idades entre 3 e 8 anos apontou
que entre aquelas que receberam assistência educacional em
instituições durante a infância, décadas depois, 29% ganhava mais de 2
mil reais mensais e 36% tinham casa própria. Já entre aquelas que não
foram para escola, apenas 7% ganhava mais de 2 mil e 13% tinha casa
própria.
Apesar de deixar o coração apertado, colocar o filho quanto
mais cedo na escola é a melhor contribuição que os pais podem dar para o
futuro dele. Mais que boas universidades, cursos extra curriculares,
investir na primeira infância é o primeiro e mais certeiro passo para o
desenvolvimento de todas as potencialidades guardadas nos pequenos.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário